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Jamie Oliver, o queridinho da gastronomia britânica, revela seu apego ao frescor dos ingredientes

Por Juliana Resende, de Londres, Inglaterra
Fotos divulgação

O chef britânico Jamie Oliver não para. Além de pilotar um punhado de restaurantes em seu país, Jamie percorre o mundo na batalha por uma alimentação mais saudável e saborosa – e ainda assina uma linha de utensílios charmosos para a cozinha, uma revista e diversos livros.

Abaixo, o enfant terrible da cozinha inglesa fala exclusivamente a Prazeres da Mesa sobre seu modo de trabalhar. Pouco tempo depois da entrevista, a surpresa: o chef está prestes a abrir seu primeiro restaurante no Brasil, uma filial do Jamie’s Italian, antes da Copa do Mundo.

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PRAZERES DA MESA – Você é um militante em nome do frescor dos ingredientes como condição básica para um bom menu. Poderia dar algumas dicas a respeito disso para quem cozinha em casa?
JAMIE OLIVER – Prefira produtos frescos e orgânicos, comprados nos mercados de produtores ou direto deles, se possível. Cozinhar com frutas, verduras e legumes da época é uma forma de variar e descobrir o sabor de novos alimentos a cada estação.

Como explica a mudança radical de padrões alimentares e oferta de comida boa no Reino Unido comparada com a famosa situação de penúria gastronômica no país em pouco menos de duas décadas?
Até pouco tempo atrás, éramos famosos pela má qualidade de nossa comida. Eu sei! [risos] Mas hoje isso é passado, pois o interesse por comida se transformou numa cultura gastrônomica cada vez mais enraizada entre os britânicos, talvez por conta do grande fluxo de imigração no país. Isso trazo toda uma diversidade culinária que nós abraçamos. E não há regras. O negócio é ir para a cozinha com os ingredientes certos e mandar ver.

Como avalia o Fifteen, embrião de todo seu trabalho social passando pela cozinha? É uma receita de sucesso?
Tinha 24 anos quando abri o Fifteen, um negócio sem fins lucrativos. Era muito trabalho e quase quebramos. Eu era um bebê desconfortável com o sucesso. Agradeço a quem comprou meus livros e deu audiência aos meus programas. O grande desafio era inspirar aqueles adolescentes em situação de risco e encontrar uma ocupação na indústria da gastronomia, dar oportunidade de treinamento e carreira a desempregados em potencial. Acho que temos conseguido inspirá-los e formar mão-de-obra criativa e qualificada. Acredito que estamos no caminho certo.

Como enxerga o papel da comida no mundo nos próximos 50 anos?
Os cenários não serão nada bonitos de se ver. Com a água rareando e a população aumentando, temos de pensar em como vamos nos alimentar de maneira saudável e ainda cuidar do meio ambiente. Precisamos de medidas hoje que garantam nosso futuro – seja no Brasil, seja na Inglaterra, são os mesmos desafios. Temos de mudar, e rápido, a maneira como produzimos comida industrial e nossa relação com o consumo. A indústria da carne é uma das grandes poluidoras do planeta.

Além de cuidar do seu “império”, você tem se revelado um eficiente lobista e promotor de campanhas por uma alimentação  melhor. Qual foi a mais recente delas, depois das escolas?
Fizemos o 1º Food Day em maio do ano passado, sem dinheiro e sem apoio, e foi um sucesso. Vamos repetir. A ideia é conscientizar as pessoas de que comer bem não custa tão caro como elas pensam. É uma questão de educação, de informação.

Pretende repetir em setembro de 2013 o festival musical-gastronômico beneficente The Big Feastival, em Oxfordshire [o evento arrecadou cerca de 1 milhão de libras, que serão destinados a projetos de educação alimentar], realizado por você e o baixista do grupo Blur, Alex James, na fazenda dele?
Sim! Foi fantástico! Música e comida são meus dois grandes amores. Passei vinte anos numa banda. Desde que casei ainda faço música, mas confesso que penso muito mais em queijos [o chef subiu ao palco com Alex para tocar uma versão do hit Relax, de Frankie Goes to Hollywood]. Vamos repetir em 2013 e estão todos convidados.

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